segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Olá, Palavras

 Palavras nunca foram minha matéria-prima favorita. Ela tem material até flexível quanto as diversidade de composições que podem se dar a partir da união e separação de suas camadas, chamadas letras, porém uma vez que camadas são compostas o todo se torna demasiado rígido na sua definição, permitindo raramente um desprendimento de sua forma previamente determinada, além da sua quase que determinada posição dentro da obra inteira, rigidamente ditada por regras gramaticais cheias de exceções, que por vezes tão complexas e rígidas que chegam a assemelharem-se com formulas matemáticas.
 Arrisco dizer que para arte que é criar na vida, as palavras são das mais arredias das matérias-primas! Mas eu que nunca fui dada a ser entregue ao medo despertado pelo desafio, mesmo achando esse tipo de arte infinitamente restrita em comparação a arte não verbal, me entreguei a arriscada tentativa de me fazer expressar por este meio.
 Risco corrido, risco vivido, risco riscado. E como risquei minhas escritas e as leituras daqueles que me leram com meus erros e minhas discordâncias, todas concordadas comigo, todas concordadas em mim. Me permito o despermitido, e navego no mar daquilo que só a mim tem graça e cor. Por momentos, me desprendo de minhas amarras, das minhas dores, dos meus amores, e me faço barca de asas.
 Eu voo, eu vou, mais longe que imagino querer, dispersa no que posso ver, sentir e ouvir. Unindo sílabas não silábicas, destruindo metáforas metafísicas, reinventando o ininventado, chorando o riso preso nos olhos tristes, sorrindo o brilho contagiante das orelhas erguidas, sonhando o melhor, pensando que meu sonho é real, fugindo da moldura na tentativa de poder ser verdadeiro, porque a verdade é muito dura e mata a voz de quem não tem pandeiro pra gritar com música.
 Me despeço das palavras, agradecendo a grandeza delas, a amo e a cada dia mais, palavras lindas que levarei sempre um punhado nos bolsos, mas ainda assim me despeço por lembrar-me que tenho outras formas menos enformadas para me expressar. Que me aguarde e bem me receba a dança, a aquarela, e o se misturar!

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