quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Oi, Palavra. Quanto tempo!

 É, eu sei, eu sei. Não tenho te procurado muito esses últimos tempos.
E acho que foi ótimo nos encontrarmos, porque eu estava mesmo precisando falar contigo.
Sabe o que é? Nas últimas vezes que nos encontramos não fui muito sincera com você. Você deve ter notado que eu estava um pouco mais distante, não conseguindo falar direito sobre meus sentimentos e menos ainda expressar meus pensamentos.
 Pois é... Eu sei... Você não deve ter entendido nada mesmo.
Eu andei pensando no porque isso estava acontecendo, pois nesses últimos tempos andei sentindo muita saudade da relação que tínhamos antes. Sorri ao lembrar dos nossos longos encontros poéticos, textuais e até mesmo musicais, que nesses últimos 5 anos foram sendo cada vez mais raros até tornarem-se extintos.
 Mas que bom que te reencontrei por aqui.
Então voltando ao que estava tentando dizer, Palavra. Eu queria te pedir desculpas.
Eu sei que andei te mal tratando, não explicita ou fisicamente, mas reconheço que te excluí do meu hall de amigos nesses últimos anos.
 Eu fiz novos amigos, e alguns novos inimigos. Dentre esses inimigos novos, a Burocracia Acadêmica foi a maior responsável por este nosso distanciamento, depois de mim mesma, é claro.
 Sabe, quando conheci a Academia rolou até um apelido carinhoso, "Mack", eu via nela tantas novas verdades, tantas novidades e devido ao lugar que a dediquei em minha vida, acabei em algum momento fazendo com que as verdade dela fossem de alguma maneira matando as minhas.
 Foi nesse ponto que ela começou a se tornar minha inimiga. Mas eu não percebia que estava contruindo esse tipo de relação com a "Mack", eu achava que estávamos crescendo juntas e que eu devia muto a ela, pois sem ela eu talvez não conseguiria chegar no lugar que me via no futuro.
 Foi então que nos últimos anos comecei a perceber que minha amizade com ela, há muito tempo já não era mais horizontal. Isso se é que um dia foi...

 Bom, o maior problema é que para tentar manter aquela minha amizade com a Burocracia Acadêmica, eu fui me deixando matar na minha expressão, e fui me tornando mais e mais distante de você, Palavra.
 Eu culpei você por tentar me prender e me diminuir como sujeito dotado de expressão artística, e saber empírico. Eu acreditei cegamente que era você a responsável por me impedir de criar melhor. Passei a achar você limitada, e pouco flexível. E o pior é que quanto mais esses sentimentos cresciam, e mais eu me distanciava, quando a gente se encontrava era algo entroncado, Lembra?
 Pois é... Eu sei que era eu a responsável por todo nosso desconforto, mas eu já não sabia mais como estabelecer a intimidade que tínhamos que antes era tão natural. Era como se tudo que eu falasse para você fosse ser insuficiente, mal compreendido, ou julgado.
 Eu me enganei. Nunca foi você quem me aprisionou.
Também seria um erro afirmar que quem me aprisionou foi a Burocracia. Não. Eu reconheço que quem me aprisionou fui eu mesma. Afinal de contas a Mack nunca me pediu para colocá-la naquele lugar, ela nunca me obrigou a amizade alguma, e tão pouco teve intenções de me fazer distanciar-me de você.
 Muitas vezes, inclusive ela até tentou nos reaproximar. Você se lembra dos tantos encontros que tivemos nós três? Eram tão estranhos, né? Eu sempre te ignorava no final. É que eu sentia que quando nos encontrávamos com a Mack, ela nos dizia a todo momento o que era certo e errado se fazer, e se mostrava pouquíssimo aberta a flexibilidade que nossa relação intima trazia. Eu diria até que ela se incomodava com nossa intimidade.

 E o meu maior erro foi acreditar que ela estava certa, e que eu e você não devíamos ser intimas, Acreditei que você deveria ser apenas como uma ferramenta, e que nossa relação deveria ser estritamente profissional. Comecei a reproduzir em você a opressão que sentia na relação com ela. Assim como me sentia apenas uma ferramente dela, numa suposta relação de amizade e real relação de tecnificação do Eu. Passei a te tratar como uma ferramenta.

 Me desculpa , Pa.
Como eu sinto saudades da nossa intimidade.
Como sinto saudades das tantas lágrimas que você me ajudou a enxugar, dos tantos risos que você me fez soltar, das tantas poesias que você me ajudou a compor e colorir minha vida.

 Você me desculpa?
Mesmo?

 Nossa!!! Obrigada!!! Você não sabe como é importante saber que você entende tudo isso que vivi!
Você sempre foi uma das minhas melhoras amigas. Eu sempre acreditei em você.
Alguns tentaram me calar, por acreditarem que o que eu e você tínhamos para dizer ao mundo era menor do que tudo que eles tinham nos livros deles.
 Mas lembra desses Raps nacionais que tanto têem nos aproximado, até chegarmos a essa conversa hoje? Lembra do que eles dizem?

 A Burocracia Acadêmica está errada! Nós temos muito a falar! Coisas que os livros deles não contam, coisas que só eu e você podemos dizer.

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