É, eu sei, eu sei. Não tenho te procurado muito esses últimos tempos.
E acho que foi ótimo nos encontrarmos, porque eu estava mesmo precisando falar contigo.
Sabe o que é? Nas últimas vezes que nos encontramos não fui muito sincera com você. Você deve ter notado que eu estava um pouco mais distante, não conseguindo falar direito sobre meus sentimentos e menos ainda expressar meus pensamentos.
Pois é... Eu sei... Você não deve ter entendido nada mesmo.
Eu andei pensando no porque isso estava acontecendo, pois nesses últimos tempos andei sentindo muita saudade da relação que tínhamos antes. Sorri ao lembrar dos nossos longos encontros poéticos, textuais e até mesmo musicais, que nesses últimos 5 anos foram sendo cada vez mais raros até tornarem-se extintos.
Mas que bom que te reencontrei por aqui.
Então voltando ao que estava tentando dizer, Palavra. Eu queria te pedir desculpas.
Eu sei que andei te mal tratando, não explicita ou fisicamente, mas reconheço que te excluí do meu hall de amigos nesses últimos anos.
Eu fiz novos amigos, e alguns novos inimigos. Dentre esses inimigos novos, a Burocracia Acadêmica foi a maior responsável por este nosso distanciamento, depois de mim mesma, é claro.
Sabe, quando conheci a Academia rolou até um apelido carinhoso, "Mack", eu via nela tantas novas verdades, tantas novidades e devido ao lugar que a dediquei em minha vida, acabei em algum momento fazendo com que as verdade dela fossem de alguma maneira matando as minhas.
Foi nesse ponto que ela começou a se tornar minha inimiga. Mas eu não percebia que estava contruindo esse tipo de relação com a "Mack", eu achava que estávamos crescendo juntas e que eu devia muto a ela, pois sem ela eu talvez não conseguiria chegar no lugar que me via no futuro.
Foi então que nos últimos anos comecei a perceber que minha amizade com ela, há muito tempo já não era mais horizontal. Isso se é que um dia foi...
Bom, o maior problema é que para tentar manter aquela minha amizade com a Burocracia Acadêmica, eu fui me deixando matar na minha expressão, e fui me tornando mais e mais distante de você, Palavra.
Eu culpei você por tentar me prender e me diminuir como sujeito dotado de expressão artística, e saber empírico. Eu acreditei cegamente que era você a responsável por me impedir de criar melhor. Passei a achar você limitada, e pouco flexível. E o pior é que quanto mais esses sentimentos cresciam, e mais eu me distanciava, quando a gente se encontrava era algo entroncado, Lembra?
Pois é... Eu sei que era eu a responsável por todo nosso desconforto, mas eu já não sabia mais como estabelecer a intimidade que tínhamos que antes era tão natural. Era como se tudo que eu falasse para você fosse ser insuficiente, mal compreendido, ou julgado.
Eu me enganei. Nunca foi você quem me aprisionou.
Também seria um erro afirmar que quem me aprisionou foi a Burocracia. Não. Eu reconheço que quem me aprisionou fui eu mesma. Afinal de contas a Mack nunca me pediu para colocá-la naquele lugar, ela nunca me obrigou a amizade alguma, e tão pouco teve intenções de me fazer distanciar-me de você.
Muitas vezes, inclusive ela até tentou nos reaproximar. Você se lembra dos tantos encontros que tivemos nós três? Eram tão estranhos, né? Eu sempre te ignorava no final. É que eu sentia que quando nos encontrávamos com a Mack, ela nos dizia a todo momento o que era certo e errado se fazer, e se mostrava pouquíssimo aberta a flexibilidade que nossa relação intima trazia. Eu diria até que ela se incomodava com nossa intimidade.
E o meu maior erro foi acreditar que ela estava certa, e que eu e você não devíamos ser intimas, Acreditei que você deveria ser apenas como uma ferramenta, e que nossa relação deveria ser estritamente profissional. Comecei a reproduzir em você a opressão que sentia na relação com ela. Assim como me sentia apenas uma ferramente dela, numa suposta relação de amizade e real relação de tecnificação do Eu. Passei a te tratar como uma ferramenta.
Me desculpa , Pa.
Como eu sinto saudades da nossa intimidade.
Como sinto saudades das tantas lágrimas que você me ajudou a enxugar, dos tantos risos que você me fez soltar, das tantas poesias que você me ajudou a compor e colorir minha vida.
Você me desculpa?
Mesmo?
Nossa!!! Obrigada!!! Você não sabe como é importante saber que você entende tudo isso que vivi!
Você sempre foi uma das minhas melhoras amigas. Eu sempre acreditei em você.
Alguns tentaram me calar, por acreditarem que o que eu e você tínhamos para dizer ao mundo era menor do que tudo que eles tinham nos livros deles.
Mas lembra desses Raps nacionais que tanto têem nos aproximado, até chegarmos a essa conversa hoje? Lembra do que eles dizem?
A Burocracia Acadêmica está errada! Nós temos muito a falar! Coisas que os livros deles não contam, coisas que só eu e você podemos dizer.
Cheguei a construir títulos que fizessem caber o discurso de mim, e agora chego ao ponto de necessitar livrar-me deles, transpor-los, transcendê-los.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Meu aMar é você!!
As minhas palavras não dão mais conta de dizerem sobre esse amor!
Talvez ao longo da vida fui o entrelaçando a palavra dor.
Da dor de amar eu aprendi a falar, um banco de palavras vasto, todo salgado por lágrimas minhas e de toda uma humanidade que ainda jovem tanto dramatizou o amor.
Então vivo hoje com você esse "Amar"! Sim, "amar" verbo no infinitivo! Eis o meu segredo!
Você me ensinou a deixar de viver o "amor" que por ser substantivo tem fim em si próprio, nomeia e assim determina e fecha as possibilidade de novos significados.
Você me ensinou a viver o "amar" que é verbo, e se faz sempre com o outro. Para se conjugar o "amar", sempre é preciso um sujeito, ele vai alterando sua forma de acordo com suas conjugações, está no passado, no presente no futuro e até em tempos verbais mais complexos que nem tempos lineares acompanham.
Amar é majoritariamente ação, movimento, vida. É impossível se manter amando sem se modificar neste "amar".
Eis que experimentei algo absolutamente sublime e completamente novo em minha vida! A vivência da ausência da dor! Eu, que sempre tão acostumada com as pulsões da morte, me deparo hoje com Pulsão de VIDA!
Te amar me modificou, me despertou para muito mais, me fez dormir menos, me emocionar mais, cuidar mais dos adjetivos e substantivos nos quais eu me engavetava, me libertou para uma sexualidade mais ampla.
Ser amada por você me fez acalmar a alma, confiar mais no mundo, aprender a receber melhor, a perceber a importância do silêncio, a te amar ainda mais.
Viver esse nosso amar me fez chorar de amor e de felicidade, me tornou mais leve e menos crítica, me ensinou a fazer palaçada e não ter vergonha por ser frágil e fofa, e calou minha escrita poética.
Eu perdi a pouca habilidade que tinha de escrever sobre o amor.
E agora entendo que talvez o motivo seja o bendito substantivo que difere tanto da incrível experiência que temos vivido ao conjugar o verbo "amar" juntas.
NÓS NOS AMAMOS!
Ainda viverei o dia que saberei falar tão mais das coisas belas, felizes, satisfatórias e transcendentais! E neste dia, metade de tudo que eu escrever terá seu nome.
Talvez ao longo da vida fui o entrelaçando a palavra dor.
Da dor de amar eu aprendi a falar, um banco de palavras vasto, todo salgado por lágrimas minhas e de toda uma humanidade que ainda jovem tanto dramatizou o amor.
Então vivo hoje com você esse "Amar"! Sim, "amar" verbo no infinitivo! Eis o meu segredo!
Você me ensinou a deixar de viver o "amor" que por ser substantivo tem fim em si próprio, nomeia e assim determina e fecha as possibilidade de novos significados.
Você me ensinou a viver o "amar" que é verbo, e se faz sempre com o outro. Para se conjugar o "amar", sempre é preciso um sujeito, ele vai alterando sua forma de acordo com suas conjugações, está no passado, no presente no futuro e até em tempos verbais mais complexos que nem tempos lineares acompanham.
Amar é majoritariamente ação, movimento, vida. É impossível se manter amando sem se modificar neste "amar".
Eis que experimentei algo absolutamente sublime e completamente novo em minha vida! A vivência da ausência da dor! Eu, que sempre tão acostumada com as pulsões da morte, me deparo hoje com Pulsão de VIDA!
Te amar me modificou, me despertou para muito mais, me fez dormir menos, me emocionar mais, cuidar mais dos adjetivos e substantivos nos quais eu me engavetava, me libertou para uma sexualidade mais ampla.
Ser amada por você me fez acalmar a alma, confiar mais no mundo, aprender a receber melhor, a perceber a importância do silêncio, a te amar ainda mais.
Viver esse nosso amar me fez chorar de amor e de felicidade, me tornou mais leve e menos crítica, me ensinou a fazer palaçada e não ter vergonha por ser frágil e fofa, e calou minha escrita poética.
Eu perdi a pouca habilidade que tinha de escrever sobre o amor.
E agora entendo que talvez o motivo seja o bendito substantivo que difere tanto da incrível experiência que temos vivido ao conjugar o verbo "amar" juntas.
NÓS NOS AMAMOS!
Ainda viverei o dia que saberei falar tão mais das coisas belas, felizes, satisfatórias e transcendentais! E neste dia, metade de tudo que eu escrever terá seu nome.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Nua
Eu decidi que iria dormir nua aquela noite.
Me despi e percebi que estava me despindo para mim mesma! Não para alguém. Não por um motivo mecânico como me trocar, tão pouco para tomar banho. Estava me despindo para mim mesma!
Então me peguei pensando "sempre gostei de ficar livre e sem roupas, por qual motivo sinto que esta é a primeira vez que faço isso?"
De fato nunca houvera feito aquilo antes. Não daquela forma. Gostava de ficar sem roupas, mas isso apenas acontecia depois dos banhos, ou entre trocas de roupas.
Minha mente foi muito rápida ao me responder prontamente o porque nunca tinha feito aquilo antes. Respondeu ecoando frases dita por meus pais em diferentes momentos da minha infância quando eu os questionava do porque eu tinha de por roupa para dormir " Dormir sem roupa faz o espirito fugir do corpo." "Dormir sem calcinha e sem camiseta atrai assombração." "Dormir sem roupa faz pegar resfriado."
(Essa última frase veio em momentos mais próximos da adolescência em que eles não sabiam se eu acreditava ou não em realidades 'extra-materiais'.. rsrs)
Fato é que sem perceberem, e com certeza sem nenhuma pretensão perversa, meus pais estavam me ensinando aquilo que aprenderam: "Eu não podia amar meu corpo, deveria escondê-lo e não dar a ele muito prazer, pois estes prazeres da carne são pecaminosos." De quebra eles foram também me levando a acreditar que meu corpo era feio, e só poderia ser apreciado se bem enfeitado por roupas e tantas coisas mais.
Eu não me dei conta de nada disso até aquele momento em que escolhi ficar nua. Foi então que decidi escrever sobre aquela epifania. Peguei o caderno, a caneta e sentei na cama para escrever.
Sentei com as pernas dobradas em x, e naturalmente a sola do meu pé ficou próxima a minha genitália. Eis a questão!!!!! Outra epifania!
Freud foi um cara esperto quando colocou a sexualidade no centro das questões dos homens.
Ao perceber meus próprios pés perto da minha própria genitália, minha mente foi ligeira na repressão, me avisando dos "perigos de saúde" que eu corria ao deixar pés perto da minha vagina. Minha resposta a minha mente: "NEUROSE, FILHA DA PUTA!"
Eu decidi não mover meu pé para longe. Aquele pensamento estava errado! Meu corpo é meu templo, e minha vagina não deve ser assim tão vulnerável ao mundo externo! Tão pouco meu pé tão repleto de sujeiras! E porque é que o pé ainda a pouco lavado causaria mal?
Obviamente! Eu fui criada para viver uma sexualidade aprisionada, para ter meu corpo atrofiado e alienado em um sistema que não apenas o deslegitima como meu, mas também tenta me convencer que é algum tipo de pecado ser dona de meu corpo e amá-lo, e proporcioná-lo prazer. Sistema que também produz tortura ao meu corpo por meio de salto-altos, roupas apertadas demais, tecidos que agridem minha transpiração natural e tantos padrões corporais que podem me levar a facilmente me voluntariar a mal tratar meu corpo para alcança-los.
Milhões de pensamentos me invadiram. A história da opressão ao feminino, e também a história da religião.... transbordavam, milhões de pensamentos em alguns poucos segundos.
E em seguida:
SILÊNCIO
Um silêncio de uma vibração que ecoa!
SiLêNcIo
O silêncio de um corpo que estava renascendo.
silêncio
O silêncio se foi. Chorei, emocionada. E assim que limpei a lágrima andei até o amplo espelho na porta direita do guarda roupa.
Encarei meu corpo enquanto passava a mão por ele. Eu estava me enxergando com olhos que nunca antes me viram.
Então num súbito romper de energia comecei a pular e a dançar sem musica alguma! Eu dancei e festejei aquele momento.
Igualmente num rompante parei de dançar, e fitei meu reflexo, sorridente.
Tive certeza que meu corpo nunca mais seria esquecido por mim.
Aquela noite dormi nua.
Meu espirito não fugiu, Não fui assombrada, E tão pouco fiquei resfriada!
Muitas outras noites dormi nua.
Finalmente MEU corpo!
Me despi e percebi que estava me despindo para mim mesma! Não para alguém. Não por um motivo mecânico como me trocar, tão pouco para tomar banho. Estava me despindo para mim mesma!
Então me peguei pensando "sempre gostei de ficar livre e sem roupas, por qual motivo sinto que esta é a primeira vez que faço isso?"
De fato nunca houvera feito aquilo antes. Não daquela forma. Gostava de ficar sem roupas, mas isso apenas acontecia depois dos banhos, ou entre trocas de roupas.
Minha mente foi muito rápida ao me responder prontamente o porque nunca tinha feito aquilo antes. Respondeu ecoando frases dita por meus pais em diferentes momentos da minha infância quando eu os questionava do porque eu tinha de por roupa para dormir " Dormir sem roupa faz o espirito fugir do corpo." "Dormir sem calcinha e sem camiseta atrai assombração." "Dormir sem roupa faz pegar resfriado."
(Essa última frase veio em momentos mais próximos da adolescência em que eles não sabiam se eu acreditava ou não em realidades 'extra-materiais'.. rsrs)
Fato é que sem perceberem, e com certeza sem nenhuma pretensão perversa, meus pais estavam me ensinando aquilo que aprenderam: "Eu não podia amar meu corpo, deveria escondê-lo e não dar a ele muito prazer, pois estes prazeres da carne são pecaminosos." De quebra eles foram também me levando a acreditar que meu corpo era feio, e só poderia ser apreciado se bem enfeitado por roupas e tantas coisas mais.
Eu não me dei conta de nada disso até aquele momento em que escolhi ficar nua. Foi então que decidi escrever sobre aquela epifania. Peguei o caderno, a caneta e sentei na cama para escrever.
Sentei com as pernas dobradas em x, e naturalmente a sola do meu pé ficou próxima a minha genitália. Eis a questão!!!!! Outra epifania!
Freud foi um cara esperto quando colocou a sexualidade no centro das questões dos homens.
Ao perceber meus próprios pés perto da minha própria genitália, minha mente foi ligeira na repressão, me avisando dos "perigos de saúde" que eu corria ao deixar pés perto da minha vagina. Minha resposta a minha mente: "NEUROSE, FILHA DA PUTA!"
Eu decidi não mover meu pé para longe. Aquele pensamento estava errado! Meu corpo é meu templo, e minha vagina não deve ser assim tão vulnerável ao mundo externo! Tão pouco meu pé tão repleto de sujeiras! E porque é que o pé ainda a pouco lavado causaria mal?
Obviamente! Eu fui criada para viver uma sexualidade aprisionada, para ter meu corpo atrofiado e alienado em um sistema que não apenas o deslegitima como meu, mas também tenta me convencer que é algum tipo de pecado ser dona de meu corpo e amá-lo, e proporcioná-lo prazer. Sistema que também produz tortura ao meu corpo por meio de salto-altos, roupas apertadas demais, tecidos que agridem minha transpiração natural e tantos padrões corporais que podem me levar a facilmente me voluntariar a mal tratar meu corpo para alcança-los.
Milhões de pensamentos me invadiram. A história da opressão ao feminino, e também a história da religião.... transbordavam, milhões de pensamentos em alguns poucos segundos.
E em seguida:
SILÊNCIO
Um silêncio de uma vibração que ecoa!
SiLêNcIo
O silêncio de um corpo que estava renascendo.
silêncio
O silêncio se foi. Chorei, emocionada. E assim que limpei a lágrima andei até o amplo espelho na porta direita do guarda roupa.
Encarei meu corpo enquanto passava a mão por ele. Eu estava me enxergando com olhos que nunca antes me viram.
Então num súbito romper de energia comecei a pular e a dançar sem musica alguma! Eu dancei e festejei aquele momento.
Igualmente num rompante parei de dançar, e fitei meu reflexo, sorridente.
Tive certeza que meu corpo nunca mais seria esquecido por mim.
Aquela noite dormi nua.
Meu espirito não fugiu, Não fui assombrada, E tão pouco fiquei resfriada!
Muitas outras noites dormi nua.
Finalmente MEU corpo!
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