Passou a vida com o barco a deriva, sem vela, sem leme... As ondas o puxavam para Aqui e para Ali, e o Lá era sempre um ponto inalcançável no horizonte.
Nos últimos anos percebeu que na verdade tinha ancoras fincadas ao chão.
Chão de terreno arenoso, passou 26 explorando aquelas mesmas belas paisagens, que nem sempre mesmas, que nem sempre belas. ..... Com barco naquele pedaço de chão saboreou brisas encantadoras , crepúsculos e alvoradas que tiraram seu fôlego e construíram sentidos mais plenos em sua existência. ..... Viveu também tempestades épicas, nas quais duvidou se sua vida suportaria tamanha tormenta; assim como as secas, cujo a falta de água doce fez a água salgada confundir-se com potável.
Alí e Aqui, as voltas pelo mesmo arquipélago. Sobre sua existência, nuvens se formaram, desformaram, dissiparam, foram para Lá, onde não ousava ir. ...
Sua curiosidade fez nascer velas, mas assim que elas se puseram prontas para serem sopradas por bons ventos, se mostraram ainda imaturas de encarar a tempestade que elas mesmas fizeram nascer...
precisava de um leme e o conseguiu... mas sua pilotagem ainda era imatura, tentava chegar Lá com as ancoras ainda jogadas ao mar.
Como puxá-las? não havia força suficiente. Pensou muitas vezes em cortá-las, mas cautelosamente refutava a ideia destemperada, por julgar que em um outro lugar talvez fosse querer jogar as ancoras novamente ao mar.
Qual seria a saída??? Sim, não era possível sair só, precisaria de ajuda!
Desejou, e a ajuda aconteceu.
Agora à caminho do Lá, se despedindo do aqui que no momento da despedida furta a memória das tempestades e faz lembrar só das doces brisas de verão.
O que aguarda? Quais novas paisagens existem ao horizonte? será que existem rochedos que possam colocar o barco em risco de afundar? Como seguir em frente sem deixar o sol ressecar as velas? Como saber a hora de parar e a hora de seguir?
Esse mar anda calmo... calmo como quem celebra a passagem da paz. Mas dentro do barco, lá dentro está a esporádica tormenta, alimentada por medo, insegurança, e passados.
Cheguei a construir títulos que fizessem caber o discurso de mim, e agora chego ao ponto de necessitar livrar-me deles, transpor-los, transcendê-los.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Sobre Crianças e Objetos
Em uma sala de um jardim de infância, crianças com menos de um ano e meio preferem objetos à pessoas... Se relacionam com seus objetos favoritos afetivamente, os controlam e buscam por conforto, prazer físico e até mesmo segurança naqueles objetos.
Naquela mesma sala crianças um pouco mais velhas, próximas dos três anos de idade brincam entre si, alterando de maneira muito pessoal a variação de escolha entre estar com o outro e estar com o objeto, vezes inclusive mostrando clara confusão entre outro e objeto, como por exemplo tentando controlar o outro, como se fosse um objeto, ou esperando respostas autônomas do objeto como se fosse um outro.
Numa outra sala crianças um pouco mais velhas, já com quarto anos e meio, já não esperam mais as respostas dos objetos (apesar de as fantasiarem quando parecem necessitar elaborar algo que vivenciaram com o outro e gostariam de que este outro tivesse tido outra resposta), mas ainda buscam incessantemente controlar o outro, e é neste momento que os exemplos de adultos de próxima convivência passam a ser fundamentais nos comportamentos destas crianças, pois seus repertórios de tentativa de controle do outro parecem repetir sofisticadamente o repertorio do adulto para com o controle da criança e dos pares ao redor dele mesmo. Alguns repertórios envolvendo propostas de benefícios que outro terá caso faça o que ele quer, outros repertórios incluindo agressão física ou verbal e psicológica, etc. Algumas crianças inclusive, simplesmente mudam o foco e buscam objetos mais fáceis de se controlar.
Uma primeira pergunta pertinente surge: Se todas as crianças estão controlando outras, como que todas brincam juntas parecendo que apenas algumas, com características de maior liderança, parecem dominar/ controlar mais?
A nossa visão para mecanismos grupais são muito presas em dualidades e na maioria das vezes não admitem a multiplicidade existente nas multirelações estabelecidas. Todas as crianças controlam o ambiente, cada uma no papel que a cabe. Se a criança que sempre propõe as brincadeiras (considerada líder) propõe brincadeiras que o grupo não acata, ela perde esse posto, por outro lado, se o pequeno não acata a brincadeira proposta ele pode perder a chance de brincar com o outro, nesta dinâmica ambos controlam a dinâmica, ambos controlam o outro, num fluxo impossível de se prever.
Mas a grande questão que fica é: Se as crianças são capazes de superar a relação objetal, se são capazes de superar a necessidade por controle do objeto, porque elas tem tanta dificuldade de superar a necessidade por controle do outro??? Sujeitos neuróticos só podem ensinar neurose??
E Freud já afirmou que quando João fala de Pedro, ele diz mais de João do que de Pedro.
Naquela mesma sala crianças um pouco mais velhas, próximas dos três anos de idade brincam entre si, alterando de maneira muito pessoal a variação de escolha entre estar com o outro e estar com o objeto, vezes inclusive mostrando clara confusão entre outro e objeto, como por exemplo tentando controlar o outro, como se fosse um objeto, ou esperando respostas autônomas do objeto como se fosse um outro.
Numa outra sala crianças um pouco mais velhas, já com quarto anos e meio, já não esperam mais as respostas dos objetos (apesar de as fantasiarem quando parecem necessitar elaborar algo que vivenciaram com o outro e gostariam de que este outro tivesse tido outra resposta), mas ainda buscam incessantemente controlar o outro, e é neste momento que os exemplos de adultos de próxima convivência passam a ser fundamentais nos comportamentos destas crianças, pois seus repertórios de tentativa de controle do outro parecem repetir sofisticadamente o repertorio do adulto para com o controle da criança e dos pares ao redor dele mesmo. Alguns repertórios envolvendo propostas de benefícios que outro terá caso faça o que ele quer, outros repertórios incluindo agressão física ou verbal e psicológica, etc. Algumas crianças inclusive, simplesmente mudam o foco e buscam objetos mais fáceis de se controlar.
Uma primeira pergunta pertinente surge: Se todas as crianças estão controlando outras, como que todas brincam juntas parecendo que apenas algumas, com características de maior liderança, parecem dominar/ controlar mais?
A nossa visão para mecanismos grupais são muito presas em dualidades e na maioria das vezes não admitem a multiplicidade existente nas multirelações estabelecidas. Todas as crianças controlam o ambiente, cada uma no papel que a cabe. Se a criança que sempre propõe as brincadeiras (considerada líder) propõe brincadeiras que o grupo não acata, ela perde esse posto, por outro lado, se o pequeno não acata a brincadeira proposta ele pode perder a chance de brincar com o outro, nesta dinâmica ambos controlam a dinâmica, ambos controlam o outro, num fluxo impossível de se prever.
Mas a grande questão que fica é: Se as crianças são capazes de superar a relação objetal, se são capazes de superar a necessidade por controle do objeto, porque elas tem tanta dificuldade de superar a necessidade por controle do outro??? Sujeitos neuróticos só podem ensinar neurose??
E Freud já afirmou que quando João fala de Pedro, ele diz mais de João do que de Pedro.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Oi, Palavra. Quanto tempo!
É, eu sei, eu sei. Não tenho te procurado muito esses últimos tempos.
E acho que foi ótimo nos encontrarmos, porque eu estava mesmo precisando falar contigo.
Sabe o que é? Nas últimas vezes que nos encontramos não fui muito sincera com você. Você deve ter notado que eu estava um pouco mais distante, não conseguindo falar direito sobre meus sentimentos e menos ainda expressar meus pensamentos.
Pois é... Eu sei... Você não deve ter entendido nada mesmo.
Eu andei pensando no porque isso estava acontecendo, pois nesses últimos tempos andei sentindo muita saudade da relação que tínhamos antes. Sorri ao lembrar dos nossos longos encontros poéticos, textuais e até mesmo musicais, que nesses últimos 5 anos foram sendo cada vez mais raros até tornarem-se extintos.
Mas que bom que te reencontrei por aqui.
Então voltando ao que estava tentando dizer, Palavra. Eu queria te pedir desculpas.
Eu sei que andei te mal tratando, não explicita ou fisicamente, mas reconheço que te excluí do meu hall de amigos nesses últimos anos.
Eu fiz novos amigos, e alguns novos inimigos. Dentre esses inimigos novos, a Burocracia Acadêmica foi a maior responsável por este nosso distanciamento, depois de mim mesma, é claro.
Sabe, quando conheci a Academia rolou até um apelido carinhoso, "Mack", eu via nela tantas novas verdades, tantas novidades e devido ao lugar que a dediquei em minha vida, acabei em algum momento fazendo com que as verdade dela fossem de alguma maneira matando as minhas.
Foi nesse ponto que ela começou a se tornar minha inimiga. Mas eu não percebia que estava contruindo esse tipo de relação com a "Mack", eu achava que estávamos crescendo juntas e que eu devia muto a ela, pois sem ela eu talvez não conseguiria chegar no lugar que me via no futuro.
Foi então que nos últimos anos comecei a perceber que minha amizade com ela, há muito tempo já não era mais horizontal. Isso se é que um dia foi...
Bom, o maior problema é que para tentar manter aquela minha amizade com a Burocracia Acadêmica, eu fui me deixando matar na minha expressão, e fui me tornando mais e mais distante de você, Palavra.
Eu culpei você por tentar me prender e me diminuir como sujeito dotado de expressão artística, e saber empírico. Eu acreditei cegamente que era você a responsável por me impedir de criar melhor. Passei a achar você limitada, e pouco flexível. E o pior é que quanto mais esses sentimentos cresciam, e mais eu me distanciava, quando a gente se encontrava era algo entroncado, Lembra?
Pois é... Eu sei que era eu a responsável por todo nosso desconforto, mas eu já não sabia mais como estabelecer a intimidade que tínhamos que antes era tão natural. Era como se tudo que eu falasse para você fosse ser insuficiente, mal compreendido, ou julgado.
Eu me enganei. Nunca foi você quem me aprisionou.
Também seria um erro afirmar que quem me aprisionou foi a Burocracia. Não. Eu reconheço que quem me aprisionou fui eu mesma. Afinal de contas a Mack nunca me pediu para colocá-la naquele lugar, ela nunca me obrigou a amizade alguma, e tão pouco teve intenções de me fazer distanciar-me de você.
Muitas vezes, inclusive ela até tentou nos reaproximar. Você se lembra dos tantos encontros que tivemos nós três? Eram tão estranhos, né? Eu sempre te ignorava no final. É que eu sentia que quando nos encontrávamos com a Mack, ela nos dizia a todo momento o que era certo e errado se fazer, e se mostrava pouquíssimo aberta a flexibilidade que nossa relação intima trazia. Eu diria até que ela se incomodava com nossa intimidade.
E o meu maior erro foi acreditar que ela estava certa, e que eu e você não devíamos ser intimas, Acreditei que você deveria ser apenas como uma ferramenta, e que nossa relação deveria ser estritamente profissional. Comecei a reproduzir em você a opressão que sentia na relação com ela. Assim como me sentia apenas uma ferramente dela, numa suposta relação de amizade e real relação de tecnificação do Eu. Passei a te tratar como uma ferramenta.
Me desculpa , Pa.
Como eu sinto saudades da nossa intimidade.
Como sinto saudades das tantas lágrimas que você me ajudou a enxugar, dos tantos risos que você me fez soltar, das tantas poesias que você me ajudou a compor e colorir minha vida.
Você me desculpa?
Mesmo?
Nossa!!! Obrigada!!! Você não sabe como é importante saber que você entende tudo isso que vivi!
Você sempre foi uma das minhas melhoras amigas. Eu sempre acreditei em você.
Alguns tentaram me calar, por acreditarem que o que eu e você tínhamos para dizer ao mundo era menor do que tudo que eles tinham nos livros deles.
Mas lembra desses Raps nacionais que tanto têem nos aproximado, até chegarmos a essa conversa hoje? Lembra do que eles dizem?
A Burocracia Acadêmica está errada! Nós temos muito a falar! Coisas que os livros deles não contam, coisas que só eu e você podemos dizer.
E acho que foi ótimo nos encontrarmos, porque eu estava mesmo precisando falar contigo.
Sabe o que é? Nas últimas vezes que nos encontramos não fui muito sincera com você. Você deve ter notado que eu estava um pouco mais distante, não conseguindo falar direito sobre meus sentimentos e menos ainda expressar meus pensamentos.
Pois é... Eu sei... Você não deve ter entendido nada mesmo.
Eu andei pensando no porque isso estava acontecendo, pois nesses últimos tempos andei sentindo muita saudade da relação que tínhamos antes. Sorri ao lembrar dos nossos longos encontros poéticos, textuais e até mesmo musicais, que nesses últimos 5 anos foram sendo cada vez mais raros até tornarem-se extintos.
Mas que bom que te reencontrei por aqui.
Então voltando ao que estava tentando dizer, Palavra. Eu queria te pedir desculpas.
Eu sei que andei te mal tratando, não explicita ou fisicamente, mas reconheço que te excluí do meu hall de amigos nesses últimos anos.
Eu fiz novos amigos, e alguns novos inimigos. Dentre esses inimigos novos, a Burocracia Acadêmica foi a maior responsável por este nosso distanciamento, depois de mim mesma, é claro.
Sabe, quando conheci a Academia rolou até um apelido carinhoso, "Mack", eu via nela tantas novas verdades, tantas novidades e devido ao lugar que a dediquei em minha vida, acabei em algum momento fazendo com que as verdade dela fossem de alguma maneira matando as minhas.
Foi nesse ponto que ela começou a se tornar minha inimiga. Mas eu não percebia que estava contruindo esse tipo de relação com a "Mack", eu achava que estávamos crescendo juntas e que eu devia muto a ela, pois sem ela eu talvez não conseguiria chegar no lugar que me via no futuro.
Foi então que nos últimos anos comecei a perceber que minha amizade com ela, há muito tempo já não era mais horizontal. Isso se é que um dia foi...
Bom, o maior problema é que para tentar manter aquela minha amizade com a Burocracia Acadêmica, eu fui me deixando matar na minha expressão, e fui me tornando mais e mais distante de você, Palavra.
Eu culpei você por tentar me prender e me diminuir como sujeito dotado de expressão artística, e saber empírico. Eu acreditei cegamente que era você a responsável por me impedir de criar melhor. Passei a achar você limitada, e pouco flexível. E o pior é que quanto mais esses sentimentos cresciam, e mais eu me distanciava, quando a gente se encontrava era algo entroncado, Lembra?
Pois é... Eu sei que era eu a responsável por todo nosso desconforto, mas eu já não sabia mais como estabelecer a intimidade que tínhamos que antes era tão natural. Era como se tudo que eu falasse para você fosse ser insuficiente, mal compreendido, ou julgado.
Eu me enganei. Nunca foi você quem me aprisionou.
Também seria um erro afirmar que quem me aprisionou foi a Burocracia. Não. Eu reconheço que quem me aprisionou fui eu mesma. Afinal de contas a Mack nunca me pediu para colocá-la naquele lugar, ela nunca me obrigou a amizade alguma, e tão pouco teve intenções de me fazer distanciar-me de você.
Muitas vezes, inclusive ela até tentou nos reaproximar. Você se lembra dos tantos encontros que tivemos nós três? Eram tão estranhos, né? Eu sempre te ignorava no final. É que eu sentia que quando nos encontrávamos com a Mack, ela nos dizia a todo momento o que era certo e errado se fazer, e se mostrava pouquíssimo aberta a flexibilidade que nossa relação intima trazia. Eu diria até que ela se incomodava com nossa intimidade.
E o meu maior erro foi acreditar que ela estava certa, e que eu e você não devíamos ser intimas, Acreditei que você deveria ser apenas como uma ferramenta, e que nossa relação deveria ser estritamente profissional. Comecei a reproduzir em você a opressão que sentia na relação com ela. Assim como me sentia apenas uma ferramente dela, numa suposta relação de amizade e real relação de tecnificação do Eu. Passei a te tratar como uma ferramenta.
Me desculpa , Pa.
Como eu sinto saudades da nossa intimidade.
Como sinto saudades das tantas lágrimas que você me ajudou a enxugar, dos tantos risos que você me fez soltar, das tantas poesias que você me ajudou a compor e colorir minha vida.
Você me desculpa?
Mesmo?
Nossa!!! Obrigada!!! Você não sabe como é importante saber que você entende tudo isso que vivi!
Você sempre foi uma das minhas melhoras amigas. Eu sempre acreditei em você.
Alguns tentaram me calar, por acreditarem que o que eu e você tínhamos para dizer ao mundo era menor do que tudo que eles tinham nos livros deles.
Mas lembra desses Raps nacionais que tanto têem nos aproximado, até chegarmos a essa conversa hoje? Lembra do que eles dizem?
A Burocracia Acadêmica está errada! Nós temos muito a falar! Coisas que os livros deles não contam, coisas que só eu e você podemos dizer.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Meu aMar é você!!
As minhas palavras não dão mais conta de dizerem sobre esse amor!
Talvez ao longo da vida fui o entrelaçando a palavra dor.
Da dor de amar eu aprendi a falar, um banco de palavras vasto, todo salgado por lágrimas minhas e de toda uma humanidade que ainda jovem tanto dramatizou o amor.
Então vivo hoje com você esse "Amar"! Sim, "amar" verbo no infinitivo! Eis o meu segredo!
Você me ensinou a deixar de viver o "amor" que por ser substantivo tem fim em si próprio, nomeia e assim determina e fecha as possibilidade de novos significados.
Você me ensinou a viver o "amar" que é verbo, e se faz sempre com o outro. Para se conjugar o "amar", sempre é preciso um sujeito, ele vai alterando sua forma de acordo com suas conjugações, está no passado, no presente no futuro e até em tempos verbais mais complexos que nem tempos lineares acompanham.
Amar é majoritariamente ação, movimento, vida. É impossível se manter amando sem se modificar neste "amar".
Eis que experimentei algo absolutamente sublime e completamente novo em minha vida! A vivência da ausência da dor! Eu, que sempre tão acostumada com as pulsões da morte, me deparo hoje com Pulsão de VIDA!
Te amar me modificou, me despertou para muito mais, me fez dormir menos, me emocionar mais, cuidar mais dos adjetivos e substantivos nos quais eu me engavetava, me libertou para uma sexualidade mais ampla.
Ser amada por você me fez acalmar a alma, confiar mais no mundo, aprender a receber melhor, a perceber a importância do silêncio, a te amar ainda mais.
Viver esse nosso amar me fez chorar de amor e de felicidade, me tornou mais leve e menos crítica, me ensinou a fazer palaçada e não ter vergonha por ser frágil e fofa, e calou minha escrita poética.
Eu perdi a pouca habilidade que tinha de escrever sobre o amor.
E agora entendo que talvez o motivo seja o bendito substantivo que difere tanto da incrível experiência que temos vivido ao conjugar o verbo "amar" juntas.
NÓS NOS AMAMOS!
Ainda viverei o dia que saberei falar tão mais das coisas belas, felizes, satisfatórias e transcendentais! E neste dia, metade de tudo que eu escrever terá seu nome.
Talvez ao longo da vida fui o entrelaçando a palavra dor.
Da dor de amar eu aprendi a falar, um banco de palavras vasto, todo salgado por lágrimas minhas e de toda uma humanidade que ainda jovem tanto dramatizou o amor.
Então vivo hoje com você esse "Amar"! Sim, "amar" verbo no infinitivo! Eis o meu segredo!
Você me ensinou a deixar de viver o "amor" que por ser substantivo tem fim em si próprio, nomeia e assim determina e fecha as possibilidade de novos significados.
Você me ensinou a viver o "amar" que é verbo, e se faz sempre com o outro. Para se conjugar o "amar", sempre é preciso um sujeito, ele vai alterando sua forma de acordo com suas conjugações, está no passado, no presente no futuro e até em tempos verbais mais complexos que nem tempos lineares acompanham.
Amar é majoritariamente ação, movimento, vida. É impossível se manter amando sem se modificar neste "amar".
Eis que experimentei algo absolutamente sublime e completamente novo em minha vida! A vivência da ausência da dor! Eu, que sempre tão acostumada com as pulsões da morte, me deparo hoje com Pulsão de VIDA!
Te amar me modificou, me despertou para muito mais, me fez dormir menos, me emocionar mais, cuidar mais dos adjetivos e substantivos nos quais eu me engavetava, me libertou para uma sexualidade mais ampla.
Ser amada por você me fez acalmar a alma, confiar mais no mundo, aprender a receber melhor, a perceber a importância do silêncio, a te amar ainda mais.
Viver esse nosso amar me fez chorar de amor e de felicidade, me tornou mais leve e menos crítica, me ensinou a fazer palaçada e não ter vergonha por ser frágil e fofa, e calou minha escrita poética.
Eu perdi a pouca habilidade que tinha de escrever sobre o amor.
E agora entendo que talvez o motivo seja o bendito substantivo que difere tanto da incrível experiência que temos vivido ao conjugar o verbo "amar" juntas.
NÓS NOS AMAMOS!
Ainda viverei o dia que saberei falar tão mais das coisas belas, felizes, satisfatórias e transcendentais! E neste dia, metade de tudo que eu escrever terá seu nome.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Nua
Eu decidi que iria dormir nua aquela noite.
Me despi e percebi que estava me despindo para mim mesma! Não para alguém. Não por um motivo mecânico como me trocar, tão pouco para tomar banho. Estava me despindo para mim mesma!
Então me peguei pensando "sempre gostei de ficar livre e sem roupas, por qual motivo sinto que esta é a primeira vez que faço isso?"
De fato nunca houvera feito aquilo antes. Não daquela forma. Gostava de ficar sem roupas, mas isso apenas acontecia depois dos banhos, ou entre trocas de roupas.
Minha mente foi muito rápida ao me responder prontamente o porque nunca tinha feito aquilo antes. Respondeu ecoando frases dita por meus pais em diferentes momentos da minha infância quando eu os questionava do porque eu tinha de por roupa para dormir " Dormir sem roupa faz o espirito fugir do corpo." "Dormir sem calcinha e sem camiseta atrai assombração." "Dormir sem roupa faz pegar resfriado."
(Essa última frase veio em momentos mais próximos da adolescência em que eles não sabiam se eu acreditava ou não em realidades 'extra-materiais'.. rsrs)
Fato é que sem perceberem, e com certeza sem nenhuma pretensão perversa, meus pais estavam me ensinando aquilo que aprenderam: "Eu não podia amar meu corpo, deveria escondê-lo e não dar a ele muito prazer, pois estes prazeres da carne são pecaminosos." De quebra eles foram também me levando a acreditar que meu corpo era feio, e só poderia ser apreciado se bem enfeitado por roupas e tantas coisas mais.
Eu não me dei conta de nada disso até aquele momento em que escolhi ficar nua. Foi então que decidi escrever sobre aquela epifania. Peguei o caderno, a caneta e sentei na cama para escrever.
Sentei com as pernas dobradas em x, e naturalmente a sola do meu pé ficou próxima a minha genitália. Eis a questão!!!!! Outra epifania!
Freud foi um cara esperto quando colocou a sexualidade no centro das questões dos homens.
Ao perceber meus próprios pés perto da minha própria genitália, minha mente foi ligeira na repressão, me avisando dos "perigos de saúde" que eu corria ao deixar pés perto da minha vagina. Minha resposta a minha mente: "NEUROSE, FILHA DA PUTA!"
Eu decidi não mover meu pé para longe. Aquele pensamento estava errado! Meu corpo é meu templo, e minha vagina não deve ser assim tão vulnerável ao mundo externo! Tão pouco meu pé tão repleto de sujeiras! E porque é que o pé ainda a pouco lavado causaria mal?
Obviamente! Eu fui criada para viver uma sexualidade aprisionada, para ter meu corpo atrofiado e alienado em um sistema que não apenas o deslegitima como meu, mas também tenta me convencer que é algum tipo de pecado ser dona de meu corpo e amá-lo, e proporcioná-lo prazer. Sistema que também produz tortura ao meu corpo por meio de salto-altos, roupas apertadas demais, tecidos que agridem minha transpiração natural e tantos padrões corporais que podem me levar a facilmente me voluntariar a mal tratar meu corpo para alcança-los.
Milhões de pensamentos me invadiram. A história da opressão ao feminino, e também a história da religião.... transbordavam, milhões de pensamentos em alguns poucos segundos.
E em seguida:
SILÊNCIO
Um silêncio de uma vibração que ecoa!
SiLêNcIo
O silêncio de um corpo que estava renascendo.
silêncio
O silêncio se foi. Chorei, emocionada. E assim que limpei a lágrima andei até o amplo espelho na porta direita do guarda roupa.
Encarei meu corpo enquanto passava a mão por ele. Eu estava me enxergando com olhos que nunca antes me viram.
Então num súbito romper de energia comecei a pular e a dançar sem musica alguma! Eu dancei e festejei aquele momento.
Igualmente num rompante parei de dançar, e fitei meu reflexo, sorridente.
Tive certeza que meu corpo nunca mais seria esquecido por mim.
Aquela noite dormi nua.
Meu espirito não fugiu, Não fui assombrada, E tão pouco fiquei resfriada!
Muitas outras noites dormi nua.
Finalmente MEU corpo!
Me despi e percebi que estava me despindo para mim mesma! Não para alguém. Não por um motivo mecânico como me trocar, tão pouco para tomar banho. Estava me despindo para mim mesma!
Então me peguei pensando "sempre gostei de ficar livre e sem roupas, por qual motivo sinto que esta é a primeira vez que faço isso?"
De fato nunca houvera feito aquilo antes. Não daquela forma. Gostava de ficar sem roupas, mas isso apenas acontecia depois dos banhos, ou entre trocas de roupas.
Minha mente foi muito rápida ao me responder prontamente o porque nunca tinha feito aquilo antes. Respondeu ecoando frases dita por meus pais em diferentes momentos da minha infância quando eu os questionava do porque eu tinha de por roupa para dormir " Dormir sem roupa faz o espirito fugir do corpo." "Dormir sem calcinha e sem camiseta atrai assombração." "Dormir sem roupa faz pegar resfriado."
(Essa última frase veio em momentos mais próximos da adolescência em que eles não sabiam se eu acreditava ou não em realidades 'extra-materiais'.. rsrs)
Fato é que sem perceberem, e com certeza sem nenhuma pretensão perversa, meus pais estavam me ensinando aquilo que aprenderam: "Eu não podia amar meu corpo, deveria escondê-lo e não dar a ele muito prazer, pois estes prazeres da carne são pecaminosos." De quebra eles foram também me levando a acreditar que meu corpo era feio, e só poderia ser apreciado se bem enfeitado por roupas e tantas coisas mais.
Eu não me dei conta de nada disso até aquele momento em que escolhi ficar nua. Foi então que decidi escrever sobre aquela epifania. Peguei o caderno, a caneta e sentei na cama para escrever.
Sentei com as pernas dobradas em x, e naturalmente a sola do meu pé ficou próxima a minha genitália. Eis a questão!!!!! Outra epifania!
Freud foi um cara esperto quando colocou a sexualidade no centro das questões dos homens.
Ao perceber meus próprios pés perto da minha própria genitália, minha mente foi ligeira na repressão, me avisando dos "perigos de saúde" que eu corria ao deixar pés perto da minha vagina. Minha resposta a minha mente: "NEUROSE, FILHA DA PUTA!"
Eu decidi não mover meu pé para longe. Aquele pensamento estava errado! Meu corpo é meu templo, e minha vagina não deve ser assim tão vulnerável ao mundo externo! Tão pouco meu pé tão repleto de sujeiras! E porque é que o pé ainda a pouco lavado causaria mal?
Obviamente! Eu fui criada para viver uma sexualidade aprisionada, para ter meu corpo atrofiado e alienado em um sistema que não apenas o deslegitima como meu, mas também tenta me convencer que é algum tipo de pecado ser dona de meu corpo e amá-lo, e proporcioná-lo prazer. Sistema que também produz tortura ao meu corpo por meio de salto-altos, roupas apertadas demais, tecidos que agridem minha transpiração natural e tantos padrões corporais que podem me levar a facilmente me voluntariar a mal tratar meu corpo para alcança-los.
Milhões de pensamentos me invadiram. A história da opressão ao feminino, e também a história da religião.... transbordavam, milhões de pensamentos em alguns poucos segundos.
E em seguida:
SILÊNCIO
Um silêncio de uma vibração que ecoa!
SiLêNcIo
O silêncio de um corpo que estava renascendo.
silêncio
O silêncio se foi. Chorei, emocionada. E assim que limpei a lágrima andei até o amplo espelho na porta direita do guarda roupa.
Encarei meu corpo enquanto passava a mão por ele. Eu estava me enxergando com olhos que nunca antes me viram.
Então num súbito romper de energia comecei a pular e a dançar sem musica alguma! Eu dancei e festejei aquele momento.
Igualmente num rompante parei de dançar, e fitei meu reflexo, sorridente.
Tive certeza que meu corpo nunca mais seria esquecido por mim.
Aquela noite dormi nua.
Meu espirito não fugiu, Não fui assombrada, E tão pouco fiquei resfriada!
Muitas outras noites dormi nua.
Finalmente MEU corpo!
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Por que assistir "meu namorado é um zumbi"?
Numa sociedade onde as relações estão absolutamente fragilizadas, onde os sujeitos caminham apressados pelas ruas, se esquivando uns dos outros como se fossem objetos e não pessoas. Trabalham constantemente atrás do relógio, doam suas vidas anestesiadas ao dinheiro e à segurança material. Aos finais de semana buscam obrigatoriamente alguma fonte de prazer, sendo as drogas o caminho mais, curto, se não o único possível frente ao pouco tempo disponível para se investir em prazer, e a rapidez com que ela funciona.
Enfim, penso: Não é a toa que os mitos dos zumbis estejam tão em alta ultimamente! Somos a cada dia uma pitada mais parecido com eles, e sim, perseguimos os que não são zumbis! Não conseguimos admitir que eles tenham uma vida, que tenham prazer em viver, tempo para desfrutar de felicidade! Então logo os chamamos de vagabundos e tentamos achar um emprego digno para o qual eles possam vender suas vidas!
Irônico que os perseguimos para torná-los zumbis como nós e então ficarmos sossegados, mas também nos alimentamos deles, uma vez que eles se tornam nosso símbolo por esperança, e nossa fonte para viver.
Então mais um filme de zumbi foi lançado, e com proposta tão bizarra que decidi matar minha curiosidade e assisti-lo. Surpreendentemente, Não me arrependi!
O filme conta a história de um zumbi que se apaixona por uma mortal, e a paixão o modifica. O amor faz com que ele deixe, aos poucos, de ser zumbi e volte a ser humano!
Parece excessivamente romântico, mas na verdade é uma teoria e tanto. Não é justamente esse sentimento de paixão por relações humanas, esse sentimento de amor, que coloca o outro num espaço importante e insubstituível em nossas vidas, que daria sentido maior a nossa existência, que nos faz querer faltar aos compromissos formais e viver mais a vida com o outro?
Quem sabe não é mais amor que precisamos para conseguirmos deixar de ser zumbis?! Claro que não apenas o amor romântico, como mostra o filme, mas também o amor por amigos, o amor por pessoas anterior ao amor por coisas e por ideias!
Enfim, penso: Não é a toa que os mitos dos zumbis estejam tão em alta ultimamente! Somos a cada dia uma pitada mais parecido com eles, e sim, perseguimos os que não são zumbis! Não conseguimos admitir que eles tenham uma vida, que tenham prazer em viver, tempo para desfrutar de felicidade! Então logo os chamamos de vagabundos e tentamos achar um emprego digno para o qual eles possam vender suas vidas!
Irônico que os perseguimos para torná-los zumbis como nós e então ficarmos sossegados, mas também nos alimentamos deles, uma vez que eles se tornam nosso símbolo por esperança, e nossa fonte para viver.
Então mais um filme de zumbi foi lançado, e com proposta tão bizarra que decidi matar minha curiosidade e assisti-lo. Surpreendentemente, Não me arrependi!
O filme conta a história de um zumbi que se apaixona por uma mortal, e a paixão o modifica. O amor faz com que ele deixe, aos poucos, de ser zumbi e volte a ser humano!
Parece excessivamente romântico, mas na verdade é uma teoria e tanto. Não é justamente esse sentimento de paixão por relações humanas, esse sentimento de amor, que coloca o outro num espaço importante e insubstituível em nossas vidas, que daria sentido maior a nossa existência, que nos faz querer faltar aos compromissos formais e viver mais a vida com o outro?
Quem sabe não é mais amor que precisamos para conseguirmos deixar de ser zumbis?! Claro que não apenas o amor romântico, como mostra o filme, mas também o amor por amigos, o amor por pessoas anterior ao amor por coisas e por ideias!
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
SORTE?? TÁ DE BRINCADEIRA, NÉ??!!
As pessoas falam do amor como algo pleno, grandioso e simples. Saem por aí falando de como existem alguns poucos sortudos no mundo que conseguem saber o que é o amor e saborear das delicias à dois que o amor tem para oferecer...
Sortudos?? O que?? Isso é praticamente ofensivo!!
Enquanto vocês estavam por aí investindo toneladas em suas carreiras, em seus estudos, ou mesmos em suas deliciosas vidas sociais badaladas, os que hoje vivem um grande amor estavam lá investindo horrores em desconstruir toda a ideia deturpada de amor que esta "maioria", que prefere investir em outra coisa e por tanto não tem muito ideia do que realmente seja amar, fantasiou do amor.
Pois é... Essa "idea" de amor que foi criada é uma puta mentira.
Me responde uma coisa: Sua profissão mega bem sucedida, que é um dos frandes prazeres da sua vida, te dá trabalho? Ah, você não é muito workaholic, né? Tudo bem... pode ser então qualquer coisa que te de muito prazer na vida e que por tanto você faz questão de manter acesa e vibrante em sua vida... Bom, mais exemplos: Sua vida social, seu futebol com os amigos, seu carro, seu salão de belezas,... Enfim... Tudo isso não te dá muito prazer? E também não te dá muito trabalho??
ENTÃO O QUE TE FAZ PENSAR QUE AMAR NÃO DÁ TRABALHO??
O amor que a maioria ensina (e que não leva muitos relacionamentos amoros a serem "bem sucedidos") é o amor mesquinho e pequeno. O amor que eu, você , o vizinho e qualquer outro animal de estimação aprende rapidinho, o amor da "posse", aquele que você aprende a conjugar, simplesmente porque o que é amado é seu, ou porque sente que o que é amado te tem como dele.
A grande mentira! A partir daí vem uma série longuíssima de desastres: Amar é se doar plenamente ao outro, é se entregar totalmente a emoção, é colocar o outro acima de tudo, é ter a relação no ponto central da sua vida, é saber conduzir a pessoa amada ou é saber deixar ser conduzido pela pessoa amada (nem vou discutir os preceitos machistas implícitos), dentre outros vários dizeres que por vezes soam tão extremistas que é mais fácil crer ser sorte do que quer que um ser humano é mesmo capaz de se excluir no mundo simplesmente para amar.
Aí, alguns seres humanos com "tendencias levemente suicidas" estão mesmo dispostos a tal proeza de se excluir no mundo para serem capazes de amar. Só que eles muito comumente, cedo ou tarde, descobrem que aquilo era apenas uma mentira. Então começam a travar uma batalha interna e com a própria vida para entender como pôde aquilo que eles mais acreditaram ser verdade ser apenas parcialmente verdade.
Eis quando os românticos despencam do abismo com a cara no asfalto. Arranhados e muito machucados, olham para si e para o mundo e decidem viver só, mas para eles amor é um dos grandes prazeres da vida, e como muitos não conseguem deixar seus hobbies, eles não veem sentido em deixar de amar, então decidem aprender o que realmente é o amor.
Chega então um momento em que eles aprendem o que é amar, e comumente estão sentindo muita dor neste momento, e é este o momento em que as pessoas começam a sentir inveja e dizer da sorte que eles tem por amar!!
____ SORTE?? TÁ DE BRINCADEIRA, NÉ??!! Eu trabalhei muito para chegar até aqui! E ainda por cima continuo de coração partido. É como se você tivesse falido uma empresa em que depositou todas as suas economias e ainda seus sonhos. Isso não seria considerado sorte para você.
Mas não posso ser ingrata. Devo reconhecer que não é qualquer um que consegue juntar economias para tentar abrir uma empresa, nem qualquer um que consegue coragem para investir em seus próprios sonhos.... ok. Mas ainda acho dizer me sorte, num momento desses um despautério.
Eu trabalhei e continuo trabalhando duro para viver um amor que me traga delícias, prazeres e diferentes sabores para a vida. Talvez foi apenas uma a sorte que tive nisso tudo: A sorte de ter encontrado um alguém, na vida, tão na contra-mão quanto eu, disposta a investir nisso tão abstrato e tão incerto que andamos contruindo juntas. A minha única sorte foi um bom encontro, a minha única sorte é ela. E essa é toda a sorte que precisava para ter coragem de trabalhar duro para viver essa delicia do nosso amor!
Sortudos?? O que?? Isso é praticamente ofensivo!!
Enquanto vocês estavam por aí investindo toneladas em suas carreiras, em seus estudos, ou mesmos em suas deliciosas vidas sociais badaladas, os que hoje vivem um grande amor estavam lá investindo horrores em desconstruir toda a ideia deturpada de amor que esta "maioria", que prefere investir em outra coisa e por tanto não tem muito ideia do que realmente seja amar, fantasiou do amor.
Pois é... Essa "idea" de amor que foi criada é uma puta mentira.
Me responde uma coisa: Sua profissão mega bem sucedida, que é um dos frandes prazeres da sua vida, te dá trabalho? Ah, você não é muito workaholic, né? Tudo bem... pode ser então qualquer coisa que te de muito prazer na vida e que por tanto você faz questão de manter acesa e vibrante em sua vida... Bom, mais exemplos: Sua vida social, seu futebol com os amigos, seu carro, seu salão de belezas,... Enfim... Tudo isso não te dá muito prazer? E também não te dá muito trabalho??
ENTÃO O QUE TE FAZ PENSAR QUE AMAR NÃO DÁ TRABALHO??
O amor que a maioria ensina (e que não leva muitos relacionamentos amoros a serem "bem sucedidos") é o amor mesquinho e pequeno. O amor que eu, você , o vizinho e qualquer outro animal de estimação aprende rapidinho, o amor da "posse", aquele que você aprende a conjugar, simplesmente porque o que é amado é seu, ou porque sente que o que é amado te tem como dele.
A grande mentira! A partir daí vem uma série longuíssima de desastres: Amar é se doar plenamente ao outro, é se entregar totalmente a emoção, é colocar o outro acima de tudo, é ter a relação no ponto central da sua vida, é saber conduzir a pessoa amada ou é saber deixar ser conduzido pela pessoa amada (nem vou discutir os preceitos machistas implícitos), dentre outros vários dizeres que por vezes soam tão extremistas que é mais fácil crer ser sorte do que quer que um ser humano é mesmo capaz de se excluir no mundo simplesmente para amar.
Aí, alguns seres humanos com "tendencias levemente suicidas" estão mesmo dispostos a tal proeza de se excluir no mundo para serem capazes de amar. Só que eles muito comumente, cedo ou tarde, descobrem que aquilo era apenas uma mentira. Então começam a travar uma batalha interna e com a própria vida para entender como pôde aquilo que eles mais acreditaram ser verdade ser apenas parcialmente verdade.
Eis quando os românticos despencam do abismo com a cara no asfalto. Arranhados e muito machucados, olham para si e para o mundo e decidem viver só, mas para eles amor é um dos grandes prazeres da vida, e como muitos não conseguem deixar seus hobbies, eles não veem sentido em deixar de amar, então decidem aprender o que realmente é o amor.
Chega então um momento em que eles aprendem o que é amar, e comumente estão sentindo muita dor neste momento, e é este o momento em que as pessoas começam a sentir inveja e dizer da sorte que eles tem por amar!!
____ SORTE?? TÁ DE BRINCADEIRA, NÉ??!! Eu trabalhei muito para chegar até aqui! E ainda por cima continuo de coração partido. É como se você tivesse falido uma empresa em que depositou todas as suas economias e ainda seus sonhos. Isso não seria considerado sorte para você.
Mas não posso ser ingrata. Devo reconhecer que não é qualquer um que consegue juntar economias para tentar abrir uma empresa, nem qualquer um que consegue coragem para investir em seus próprios sonhos.... ok. Mas ainda acho dizer me sorte, num momento desses um despautério.
Eu trabalhei e continuo trabalhando duro para viver um amor que me traga delícias, prazeres e diferentes sabores para a vida. Talvez foi apenas uma a sorte que tive nisso tudo: A sorte de ter encontrado um alguém, na vida, tão na contra-mão quanto eu, disposta a investir nisso tão abstrato e tão incerto que andamos contruindo juntas. A minha única sorte foi um bom encontro, a minha única sorte é ela. E essa é toda a sorte que precisava para ter coragem de trabalhar duro para viver essa delicia do nosso amor!
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