Loucura! Pura insanidade é a razão na desrazão!
Encara-se, olhando seus olhos ao espelho, cabelos despenteados, rugas, olheiras e tinta marcando um rosto ainda sem forma. Quer intensamente se despedir do que vê, virar as costas e jamais se dar conta. Mas a imagem refletida paralisa!
Aquilo que um dia foi congelado agora se faz intacto a sua frente. - Medíocre! Não consegue se mexer! Seus olhos inquietos tentam falar de uma verdade que vai além daquela dor de ser "si próprio", daquele desespero despertado pela nudez egóica, antes protegida pela fragilidade da arrogância, da mais valia pessoal, ou mesmo do outro, sujeito responsável por todos os males. Agora é só, agora não há mais como fugir. És só com tua imensidão, e com sua consciência já não mais protegida de sua imensa fragilidade, de todos seus erros, e mais doídamente, de suas incoerências!
Seus olhos inquietos não conseguem revelar! Tudo se resume ao momento do agora, que paralisa por não saber mais quais caminhos trilhar!
Ao redor, mundos fantásticos, ilusórios, e imaginados, nada real, apenas possibilidades. Viu-se a si mesmo, e não se pode ver a realidade. Mergulhado num barril de vinho tinto, se fez menor, se embriagou, não pode se ver sangrar. Se ajudou, secou-se, agradeceu-se pelo bom vinho. E deitou-se nú ao luar.
O luar, que antes tudo costumava dizer e dar sentido, naquela noite se calou. Apenas brilhou a luz que não era dele, apenas refletiu a parte do sol que não o permitem olhar. O luar imponente, apenas luar era.
Gritou um grito doído de quem se sabia perdido. Finalmente perdido. Mas como se encontrar?
Por várias noites se embriagava e ouvia luar o falar novamente e dar-lhe sentido existencial, mas logo se recuperava e via que seu sentido devia vir de si mesmo.
Como podia pretender viver para a lua?? Como podia a lua ser responsável por lhe conferir sentido a vida?? Ele sempre soube que podia ser diferente. Foi o medo, o medo de tornar-se escravo de seu próprio desejo, escravo de seu prazer. Mais fácil tornar-se escravo do prazer alheio, e culpar a lua pelo desprazer próprio. Mas agora viu, e não consegue deixar de ver.
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