Tudo igual, tudo sempre igual!
Me desiludo com a mesmice patológica do mundo mas não sem antes desiludir-me com a sua mesma mesmice Tudo que nos cerca é errado divisões e mais divisões subvertem a vida a paz e o direito a diferenças libertárias e emancipadoras.
Tudo igual, tudo sempre igual!
Os mesmos costumes os mesmos erros os mesmos vocábulos os mesmos rostos Você anda pelas mesmas esquinas encontra os mesmos restos ignora da mesma maneira aos mesmos oitenta porcento de coisas diariamente Conserva os mesmos valores concerta as mesmas cagadas defende as mesmas porcalhadas e se prende no mesmo vazio do nada
Tudo igual, tudo sempre igual!
As falas igualmente sem pontas sem pontos cheias de nós os olhos igualmente sem vida sem luz sem alma sem voz Você anda corre escarra e continua repetindo Repete seus pais seus tios e imitando discaradamente seus avós
Tudo igual, tudo sempre igual!
Os relógios rodam na mesma direção os ponteiros se movem em igual velocidade e passam pelos mesmos pontos os únicos relógios distintos são os quebrados e ainda assim estão iguais e os outros o julgarão repetição E ele repete repete e reproduz a vida daqueles que se negam a ir e acabam ficando Tentam nadar em outra direção mas emperram O movimento motriz dessa selvageria é bruto e tenta te impelir a ser eternamente incapaz de sair dele
Tudo igual, tudo sempre igual!
Você pode cansar de ficar parado se sentir mesmo quebrado e se mandar consertar para voltar a produzir como o mundo produz e certamente o fará uma ou duas ou três e até muitas outras vezes até achar condições de se explodir para fora dessa estrutura de relógio
Cospe, arranca, bota vírgula e ponto, ria mais, volte mais, e não repita! Não reproduza o caos no qual vive. Se recusa a continuar, se recusa a ser modelo de exclusão, segregação e desamor. Vive diferente, busca o diferente, e não engole nada do que não é belo, correto, vivo. Ignora essa nojeira e vive mais, seja mais, muito mais, talvez mesmo sendo menos
Nenhum comentário:
Postar um comentário