A vida foi tão rara, que sentiu ardor
Viveu do desamor, escassez sem cor, sem sabor
Nasceu por cinestesia, viveu por inercia, morreu sem ter dor
A vida foi tão rara , que sentiu selada
Viveu d'água dada, da chuva pingada, molhada
Correu sem destino, tropeçou sem cair, não parou, foi parada
A vida foi tão rara, que sentiu supressão
Viveu explosão, cansou de opressão, entrou contra-mão
Virou esquina qualquer, rasgou toda diretriz, seguiu só arte e coração
A vida foi tão rara, que sentiu extasiada
Viveu de risada, de história contada, vida saboreada
Contemplou paisagens, se perdeu em sons, amou e foi amada
A vida foi tão rara, que sentiu gratidão
Que sentiu infinito, que imensidão
A vida foi tanto, que sentiu agraciada
Que sentiu tudo, que sentiu nada
A vida foi tão rara de tanto que sentiu
que pensou, que sonhou, que viu
Vida rara que lhe sorriu
Que da escassez se despiu
A vida foi rara por ser mesmo rara a vida
A quem a enxerga, atrivida
A quem dela esconde, tolhida
A todos, vida vivida
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