Quase um ano de expedição marítima, e uma conclusão não tão surpreendente já se revela. Estar em alta mar causa náuseas, te faz deslumbras com as belezas naturais, te faz gostar menos de azul, e te ensina o que é sentir sede de terra firme.
Eu já achei que o mar era meu paraíso, também meu inferno, e em ambos momentos estive certa. Ai que saudade de terra firme a vista, que saudade do antigo arquipélago que ao menos me era familiar.
Acreditar estar acompanhada, mas não há viagem que se acompanhe quando as tormentas são severas de mais e resta apenas a tentativa cooperativa de se sobreviver, hora olhando por si mesmo, hora tentando salvar o outro.
Quase um ano se passou e eu ainda não tive coragem de colocar as mãos no leme. Ensaio, penso, refuto. Me convenço que é melhor o inferno acompanhado do que a eternidade num paraíso solitário.
Me finjo heroína, perdoou, salvo, desbravo novos pedaços de Mar, e continuo deixando os ventos me puxarem e empurrarem em multi direções, a esmo.
Esse sol ressecou minha pele, e hoje não tive vontade de cuidar. Hoje deitei no convés do navio e nada fiz além de encarar o sol que ardia minha face. Hoje tive sede, e não bebi água; tive fome e não me alimentei; entristeci e não chorei; hoje fui seca, como nunca antes. Fui parte da madeira rígida que compõe a estrutura da embarcação.
Dessa minha estupida embarcação que caminha para lugar algum, e que está sozinha, finalmente sozinha.
Que minha solidão me liberte de minha escravidão!
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