Festas incríveis e pessoas jovens incrivelmente desprendidas de repressões moralistas fortemente enraizadas na sociedade. Muitos julgam absurdo, alguns julgam demoníaco, eu já julguei admirável e em certa medida invejável.
Julgaria até hoje não fosse minha experiência como parte desse mundo. Havia chegado num ponto que nada tinha mais a perder, e que podia então, escolher a maneira como levaria a vida. Para que perder tempo admirando e invejando o que eu não vivia se eu podia viver o que admirava?
Comecei a sair bem mais que o de costume e a tentar o desprendimento. Foi então que me deparei com a decepção! Pensei que o desprendimento fosse real, pensei que as pessoas fossem abertas umas às outras, e se permitissem proximidade e comunicação um pouco mais desprendida. Pensei que dançassem mais livremente, que cantassem mais alto, que conseguissem pensar menos no que aqueles a sua volta pensassem delas. Como fui ingênua!! Como fui romântica!! Tais coisas não existiam!
Na verdade elas existiam sim, mas num recorte muito específico. Elas existiam quando banhadas a álcool e, geralmente não apenas, pois só o álcool parecia não desinibir tanto assim. A maioria era banhado a drogas!
Muitos jovens escondidos atrás das mascaras que acreditavam usar quando estavam 'doidões' e que, de certa forma, protegia suas identidades verdadeiras dos 'vexames' que eles se prestariam! Eles conheciam muitas pessoas, faziam muitos 'amigos', dançavam e cantavam insanamente sem se importar com os olhares que os cercavam, e viviam sua sexualidade de maneira mais natural e mais liberta. Mas no outro dia, muitas vezes, se quer se recordavam do que fizeram, e mesmo que se recordassem julgavam aqueles atos como pertencentes a esta 'pseudopersonalidade' deles mesmos, se eximindo de qualquer responsabilidade por aquelas vivencias, e ajudando a sociedade a manter a rígida repressão que impede que eles vivenciem tudo aquilo sem suas mascaras!
Eu também tive minhas experiências de máscaras do álcool, e acredito que ainda terei outras. Não me arrependo de nenhuma das vivencias, mas trago comigo essa forte decepção. Pois me nego a ter de colocar uma máscara para ser 'livre'. Me nego a ter de me esconder de mim mesma para conhecer e me aproximar de pessoas livremente. Tenho tentado a vivencia dessa insanidade de ser humana e um pouco mais livre para dançar e cantar. E o mais engraçado é que muitos olham para mim e perguntam, vezes com palavras claras, vezes apenas com o olhar intrigado:
- "Sob o uso de qual droga você está?"
E eu silenciosamente respondo:
- "Estou sob o uso da vida! Tomei nada mais que uma dose de filosofia, outra de experiência, e vários shots de coragem. Delícia é estar embriagado de si mesmo!"
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